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quinta-feira, 1 de março de 2018

Morar no exterior: prepare-se para a Saudade. Ou não.




Não, nem tudo são flores na vida de quem decidiu morar fora do país. 

Aproveitando o gancho de uma campanha bem legal no instagram, que eu já estou participando lá, chamada #portugalnareal em que mulheres (mães em sua maioria e que moram fora do país) contam um pouco como é "a parte dificil" de se viver longe, eu vim falar aqui também um pouco a parte não tão "glamourosa" de deixar seu país e viver nas "Zeuropas".

Minha história (resumida)
Eu, primeiramente, fujo um pouco da história do sonho de viver fora do país, que ouvi e li na maioria dos relatos da camapanha. Pois é, grande parte fala que era um sonho e um planejamento de anos ter saído do país. Comigo não foi assim. Eu sempre vivi muito enraizada, viajar para fora nunca encheu meus olhos e não era uma realidade na minha vida, de verdade. Nasci, cresci quase no mesmo local (mudei algumas vezes, mas quase num ciclo, quando casei voltei a viver no mesmo lugar de quando criança). E desde então, o local mais longe que tinha viajado tinha sido  João Pessoa, na Paraíba, a terrinha de mamãe. Na minha lua de mel conheci Porto Seguro, viajei a trabalho para São Paulo e para rever uma amiga que morava por lá, e curti o Espírito Santo na casa de uma prima também. Essas foram minhas andanças. E nos meus planos de passeio só dava o Brasil (queria e quero ainda conhecer todas a praias desse mundão chamado Brasil rs).

E então você me pergunta, como cheguei aqui? 
Pois é, em um relato bem breve, eu já falo que o sonho real era do meu marido. Sim, que por dois anos martelou na minha cabeça o quanto seria vantajoso mudar de país e viver um nova vida.
No início essa história não fazia muito sentido na minha cabeça e com isso, eu empurrei para frente essa "mudança", fugia de qualquer coisa que chegasse a esse assunto.
O fato dele ser neto de português incentivava ainda mais esse desejo nele, além de trabalhar remotamente, o que facilitaria viver em qualquer lugar desse mundo e ainda ter uma renda certa. Ainda assim parecia tudo muito arriscado e radical para mim.
Mas a verdade é que o tempo passava e essa história estava cada dia mais real nas nossas vidas e eu, começava a perceber que poderia ser uma boa escolha para nós.
Sem falar que  a situação no Rio de Janeiro, cidade em que morávamos, estava cada dia mais caótica. (Eu nunca pensei que pudesse piorar mais), o que só nos empurrava para isso tudo acontecer.
 E então, num belo dia (rsrs), eu resolvi acreditar, apostar nessa "novidade" e aceitei o desafio, caindo de paraquedas numa nova dimensão, chamada morar fora do país.
Foi tudo tão rápido que as vezes ainda acordo e penso "caraca, eu to aqui mesmo". SÉRIO. rs

Os dias até o "grande momento"
Minha ficha demorou a cair. Nem mesmo a ida do meu marido, que veio primeiro para cá, me fez acreditar que a mudança estava realmente prestes a acontecer.
Eu sempre acreditei que quando vou viver algo muito desafiador na minha vida eu me teletransportasse para um mundo paralelo e assim conseguia ir me adaptando para viver tal situação da melhor forma possível (hahaha, isso é  muito real para mim).
 Ahh eu disse diversos “até logo”, arrumei minha mala para uma nova vida sem ter muita noção do que viria pela frente.
 Eu vivi cada dia até a partida sem se quer pensar em como seria aqui. Parece loucura, mas as vezes eu sinto falta de umas coisas que não trouxe para cá pq eu simplesmente deixei la pq achei que não fosse usar aqui mas que é CLARO que usaria pq era para o dia a dia de uma vida normal (nesse momento eu tava em transe com certeza, minha mala era para passar dias rs).
Eu não me preparei para nada, eu simplesmente vivi o que estava previsto para mim e tenho feito isso cada dia da minha vida.
 Não sei se foi a melhor forma a se fazer, nem sei se daria certo para todos, mas o que posso afirmar é que para mim tinha que ser assim. E não me arrependo, eu agradeço até essa minha válvula de escape que usei para fugir dos momentos mais difíceis dessa escolha pq me fez ter coragem para encarar cada fase desse processo.

A mudança
A verdade é que gente enche o peito de coragem, recomeça longe de tudo e de todos que estava acostumado e vai aprendendo, já na chegada e sem muito rodeio, o significado de viver uma nova vida. E é aí que a saudade bate sem dó e faz até os mais resistentes se curvarem. 
E ela está em tudo que vem pela frente: está na música que você ouve, na foto que surge na nossa rede social, no áudio ou no vídeo (temido por mim no início e que ainda estou em processo de adaptação) do WhatsApp. Não dá para evitar, ela te acompanha no cheiro, num tempero (que não tem aqui), na roupa que você trouxe e te lembra algum momento, ela fica na bolsa para onde você vai. Aquela companheira inseparável que você vai ter que aprender a conviver. Nem que seja na marra. 

O Peso das Escolhas
O fato é que eu optei por morar fora. Eu saí e tenho que aceitar que na minha bagagem a saudade estará sempre ao meu lado e, que só cabe a mim não fazer disso meu grande fardo. Pelo menos não todos os dias.
Eu me dou o direito de ter dias que bate a bad sim mas logo no dia seguinte eu me recomponho, olho o lado positivo de tudo que já vivi por aqui e dou um passo a frente. Ah quantos aprendizados, oportunidades, e já penso no quanto eu tenho para viver ainda.  
Nessa vida, aprendi que é preciso ter sabedoria e discernimento para saber que tudo é uma fase e que tudo passa...até o dias ruins.
Viver um nova vida traz um gás novo, uma visão diferente, amplia seus horizonte mas é um batalha emocional sem fim. 

Respira e Vai!
Se eu disser que vai ser super tranquilo lidar com isso, não é verdade, mas somos nós que decidimos como conviver com nossas escolhas. E se essa foi a sua é importante encarar que isso é a vida, cheia de coisas boas e ruins. Estando longe ou perto. 
Aqui eu reclamo, sinto falta, me questiono...mas quando estava perto eu  fazia a mesma coisa. Faz parte. Esses momentos sempre virão e o jeito é aprender a lidar da melhor forma. Um dia de cada vez... um passo a mais. 

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