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terça-feira, 8 de maio de 2018

Ser mãe no exterior: 10 lições que aprendi

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Criar os filhos no exterior é o sonho de muitas mães. Toda vez que converso com amigas ou conhecidas sempre ouço a frase: "como deve ser bom ter a oportunidade de oferecer uma vida melhor para os filhos fora do país". Sim, de fato a lista de vantagens pode ser extensa mesmo, mas acredite, nem tudo são flores.

A maternidade de um modo geral já nos deixa muito fragilizadas. Quando se mora fora do país, longe da família e da cultura que estamos acostumadas, esta fragilidade só aumenta. Ser mãe é um ato de coragem todos os dias, agora coloca uma dose a mais e pense em como é cuidar do seu filho distante de todas as suas ligações de uma vida inteira. É um desafio diário equilibrar suas referências da infância no Brasil com os costumes locais que estão sendo absorvidos pelo seu filho.

Você reaprende sobre (quase) tudo, muda muitas visões e alguns pensamentos. Até a forma de agir, de criar e cuidar do seu filho no dia a dia precisa de alguns ajustes e alterações. Com um toque aqui e ali nosso, vamos abrindo nossa mente(ou tentando) para educar um filho fora daquela "zona de conforto" que estávamos habituados. 

Eu, um pouco mais de um ano morando em Portugal, sendo mãe expatriada, venho me reconstruindo e aprendendo mais de mim e do ser "mãe". E aproveito que o mês é todo nosso (rs), venho aqui para contar algumas lições que tive nos últimos meses sobre ser mãe no exterior. Lembrando que elas são baseadas na minha experiência pessoal.

Veja também:

1. As crianças são verdadeiras "esponjinhas". MESMO!  
Sempre escutei que quem iria se adaptar primeiro morando fora do país seria o Bê. Eu, sinceramente, tinha minhas dúvidas. Ele mal sabia o que estava acontecendo e para onde estava indo, como poderia ser tão fácil assim?! Pois bem,  logo nos primeiros dias aqui essa afirmação se confirmou e tudo que parecia um grande drama dentro de mim se tornou em uma adaptação bem leve e tranquila para ele. MESMO!  É claro, que cada criança tem sua natureza e vai encarar essa nova vida de forma diferente. Maaas, de um modo geral, eles aprendem mais rápido, interagem com mais facilidade e absorvem o "novo" de forma mais natural.

2. Pediatra para crianças "maiores" é luxo. 
Sim, a consulta médica do seu filho vai ser feita pela mesma médica que fez seu papanicolau e cuidou da alergia de pele do seu marido. E tudo vai correr bem. 
Pode parecer estranho. E pode até ser quando só se ouve falar mesmo. Mas aqui em Portugal existe o médico de família, um profissional treinado para solucionar, digamos, 80% dos problemas que podem afetar a saúde física, mental e emocional das pessoas.
Pode ser consulta mensal ou de emergência. Vai ter o seu médico sempre que for preciso.
E sim, você não vai sentir aquela necessidade absurda e nem vai precisar gastar rios de dinheiro com pediatra, especialista, alergista todo mês para o seu filho. Bem, pelo menos até agora eu não senti que precisava e muitas mães que conheço dizem a mesma coisa. 
É claro que se o caso for bem específico, ele te encaminha para um especialista. E você se trata e paga por isso.
 Mas fundo, ele é o principal médico da sua família, especializado em vocês e que lhes conhecem melhor que qualquer outro. No Brasil você leva os filhos no pediatra quando criança e depois quando maior muda para um outro médico. Aqui, você pode ser acompanhado com o mesmo médico desde o momento em que nasce, até terminar o seu ciclo de vida. Sem grandes custos, o que é melhor ainda.
 Li em um lugar a seguinte frase "Se formos fazer uma analogia com os dias de hoje, em que podemos ter um personal trainer, um personal stylist, entre outros que estão em nosso cotidiano, poderíamos dizer que o médico de família seria um personal doctor!" Adorei isso! Define bem o que esse médico representa. 

3. É preciso ter o pé no chão na criação do seu filho.
"Ter os pés no chão."Acho que isso vale para tudo. Mas se tratando de criar filho faz ainda mais sentido. Não tente agarrar o mundo para dar o "melhor de tudo" para eles. Nem é preciso tanto, acredite. Vejo que os europeus lidam com a infância com mais naturalidade e menos "glamour" do que nós brasileiros. Faça questão de criar seus filhos com os pés no chão.
É possível criar filho com toda qualidade do mundo, sem precisar gastar muito, ter um milhão de brinquedos caros, roupas de marca e etc. Entenda e se acostume que a riqueza e a ostentação de ter filhos é poder levar seu filho para brincar em uma tarde no parque. 
A dica por aqui é essa: pés no chão e coração aberto. 

4. Você precisa se acostumar a ver seu filho crescendo em outra cultura. 
Amo a cultura do Brasil e vou sempre passar o máximo dos nossos costumes para o Bê mas sei que as novas experiências deles serão bem diferentes das da minha infância. É dificil mas é importante que você se esforce para está por dentro do que não conhece no novo país que escolheu viver. Aqui, além dele, eu também tenho que aprender as músicas infantis, os desenhos em alta, estudar sobre as festas populares para acompanhar ele. Não é mole. Mas apesar de nem sempre ser a ideia mais fácil, eu preciso me conectar com coisas que não vivi e mergulhar nessa nova realidade. Afinal de contas, certas ocasiões, datas e histórias podem até não significar muito para mim, mas vão traduzir o novo contexto de vida dele.

5. É um grande desafio criar seu filho sem aquela tradicional rede apoio
A mudança para outro país nos deixa fisicamente longe e tira do nosso dia a dia aqueles que mais nos ajudam e nos dão uns "minutinhos de folga". E sim, não é fácil viver sem essas "mordomias". Ao mesmo tempo em que você aprenderá a ir para todos os lugares com seus filhos junto, algumas situações serão mais complicadas sem sua rede de apoio por perto. É preciso muuuita paciência até se "encontrar" nessa nova realidade. 

6. Você não sabe o quanto você é forte até precisar ser forte.
Ah, essa frase faz todo sentido. Ainda mais agora!
A saudade não é fácil e não ter pessoas importantes por perto também não. Mas a gente vai se adaptando e aprende muito a se virar.
O seu lado Mãe ganha mais garra. Hoje, sinto que como mãe consigo ser muito melhor em diversos aspectos. Longe daquela base de apoio, você é obrigado a tomar todas as decisões e é responsável pelas consequências dela. É um círculo vicioso de coragem, acertos e erros, que te fortalecem dia a dia.

7. Passar mais tempo de qualidade com seus filhos é bem mais corriqueiro
Poder acordar e levar seu filho em um parquinho sem preocupação vai ser algo comum na sua agenda de atividades de mães. Ou quem sabe aquele bate e volta na cidade que está com um evento super animado para a família vai ser mais fácil fazer. 
É normal encontrar famílias com filhos, inclusive bebezinhos, em museus, teatros e bares. Não há lugar que não se possa aproveitar um tempo de qualidade. As oportunidades de curtir momentos com boas lembranças não vão faltar. Essa é a qualidade que se preza por aqui e é normal. 
Viver!
 Por todo lado vai ter como aproveitar melhor seu tempo com seu pequeno. Pode ser numa quadra para jogar uma bola, ou esparramado em um gramado para relaxar ou fazer um picnic para animar. Ali, pertinho e prontinho para vocês.

8. Festa de aniversário infantil só com crianças pode ser muito legal. 
Sem adultos, sem grandes gastos, preocupações e aquela ostentação que estamos acostumados.
Sei que isso é difícil para a gente entender. Eu mesmo adorava inventar de tudo nas festinhas do meu filho e tenho memórias incríveis de aniversários meus, de amigos, filhos dos amigos, com muita decoração, comidas de todos os tipos e pessoas de todas as idades lotando os salões de festa. Mas aqui, ainda é diferente (já está mudando também). Festinha aqui é só para os amiguinhos e são feitas em parques ou em casa mesmo. 
A comemoração se resume praticamente a uma tarde (ou noite) com lanches (sanduíches, frutas, gomas), o bolo para o Parabéns e muita diversão.
 São aproximadamente três horas de muitas brincadeiras e interação entre eles. 

9. Rigor e disciplina fazem parte meeesmo da educação na escola.
Eles são exigentes e fazem questão de deixar claro isso. Aceite e entenda que aquela "tia mãe" ficou no Brasil e que a educadora pode ser muito atenciosa, até fofinha, mas é um tanto rigorosa também. Eu confesso que estranhei essa "objetividade" deles e o que aparentemente nos soa como "frieza" na forma de tratar deles em muitos casos. Mas no fim você precisa compreender que faz parte da cultura deles. 
No fim, você percebe que existe sim carinho e atenção para os nossos filhos nas escolas mas que além disso eles respeitam muito o controle e o equilíbrio de tudo isso dentro da sala de aula. 
E faz sentido. Sim, aos poucos tudo vai fazendo sentido.

10. Ter paz é libertador.
Os meus primeiros meses morando aqui me mostraram o quanto eu estava "refém" de um sentimento de medo que não me deixava sair de casa em paz. Eu não percebia isso tão claramente, até chegar aqui e me sentir um "bicho do mato", com medo de tudo. Eu achava que apesar do medo conseguia viver. Mas no fundo eu não tinha mais paz interna. E como é bom recuperar essa leveza de viver, poder olhar a sua volta e reparar que está tudo calmo, desacelerado e tão seguro. 
É recompensador poder andar nas ruas onde o carro pára na faixa de pedestres para você passar, onde você atende seu telefone pelas ruas à noite, caminha sozinha sem medo, abre as janelas do carro sem preocupação, entra e sai dele sem pressa.  Claro que perigo existe em qualquer lugar e que aquela atenção (já até natural para nós) alguns receios e até medos vão ficar mas de um modo geral é como respirar de novo. É muito libertador e gratificante poder oferecer isso a seu filho.


Pois é isso. Encarar um vida nova é sempre uma aventura, sendo mãe então, é sempre bom se preparar para uns níveis a mais de superação. Mas no fim, cada desafio, perrengues, muitas lágrimas de saudade, aquelas pedras no caminho, valem a pena. 

As oportunidades na vida não vem à toa e eu sei bem disso. Sair da zona de conforto é poder olhar para trás e perceber que somos capazes de encarar o que vem pela frente. E acredite, você é mãe, com desafio ou não, você encara o que for pelo seu filho. A maior jornada da vida nós já vivemos que é ser cuidar de um ser que precisa de nós para (quase) tudo. No fim, o que vier, a gente tira de letra.

Então, vamos em frente. Vivendo e aprendendo. Sempre!

Mas e vocês,  o que podem compartilhar sobre a experiência de ser mãe fora do Brasil? Me contem!

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